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Mudança de hora na Europa em votação online

Parlamento Europeu está a tentar perceber se mudança continua a ser assim tão vantajosa

Acha que devemos continuar a ter um horário de Verão e um Horário de Inverno? Ou, pelo contrário, defende que os ponteiros do relógio não deviam ser obrigados a mudar duas vezes por ano?

Agora já pode dar a sua opinião, pois o Parlamento Europeu está a tentar perceber se deve continuar a obrigar à mudança dos horários de verão para o de inverno, e vice versa. Para partilhar o seu ponto de vista, há um site onde pode responder a um questionário,  “Public Consultation on summertime arrangements”, até dia 16 de Agosto. 

Todos os anos, os países membros da União Europeia têm de mudar hora duas vezes: a primeira no último domingo de março (mudança do horário de inverno para o de verão) e a segunda, no último domingo de outubro (o contrário).

Anteriormente, especialistas em cronobiologia e medicina do sono já alertaram para riscos da mudança de hora, que poderão resultar em graves problemas no futuro. Entre eles estão as alterações do sono, do estado de ânimo, de capacidades cognitivas como a memória.

Miguel Meira e Cruz, coordenador da Unidade de Sono do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa, disse à agência Lusa que "esta mudança, decidida pela primeira vez com o argumento da necessidade de poupança energética, preocupa atualmente especialistas".

Ainda que estas mudanças possam parecer inofensivas, alertou que que a longo prazo poderão ser "um drama real e determinantes de problemas irresolúveis" para algumas pessoas, referindo que, estudos recentes, mostram que estas mudanças aumentam o número de enfartes.

"Quando exigimos uma alteração horária repentina esquecemos que os relógios existentes em todas as células do organismo não têm capacidade de se adaptar de imediato", salientou.

Masaaki Miyazawa, imunologista e diretor da Escola de Ciências Médicas da Universidade de Kindai, salientou que "influência das alterações circadianas nas células natural killer", uma primeira linha da resposta imunitária.

"É consensual que a expressão destas moléculas citotóxicas e a atividade" destas são mais elevadas durante a manhã e diminuem durante a noite.

"Sabemos que a alteração horária frequente, como sucede em circunstâncias da mudança da hora aumentam a incidência de cancro do pulmão em modelo animal através destes mecanismos", sublinhou Miyazawa, adiantando que estas transições podem afetar, pelo menos de forma temporária, o sistema imunitário com compromissos diversos na saúde.  

Em 2017, foi publicado um estudo pelo neurologista brasileiro Fontenelle Araujo, que envolveu 5.631 pessoas e concluiu que metade delas sente, de alguma forma, o impacto desta mudança.

Destas, metade é afetada durante a primeira semana, cerca de um quarto (27%) durante todo o mês e 23% não recupera durante o horário de verão, sendo as mulheres e os vespertinos aqueles que apresentam mais queixas.