Pilar del Río no Era o Que Faltava
"O Saramago sabia que ia morrer e ambos decidimos viver juntos para as ausências”.
“O grande amor vive-se durante o grande amor"
Entrou na biblioteca no quarto andar da Fundação José Saramago confiante e pronta para uma hora de entrevista. 72 vibrantes anos, radialista, jornalista, tradutora, presidenta da Fundação José Saramago e herdeira do legado do nobel português, de quem foi companheira por mais de 20 anos, é a mulher que tem como missão espalhar as palavras de um mestre das palavras.
Pilar del Río segue a vida com boas recordações dos anos em que passou com o escritor português: “O grande amor vive-se durante o grande amor. No meu caso e no do José Saramago, o luto também foi feito juntos. O Saramago sabia que ia morrer e ambos decidimos viver juntos para as ausências”.
Nesta conversa com João Paulo Sousa e Ana Delgado Martins, Pilar del Río revelou também que tem uma grande paixão por rádio. Chegou a ter um programa chamado Blimunda, o mesmo nome da personagem principal no livro de José Saramago “O Memorial do Convento”. Nesta entrevista, a jornalista conta que quando começou a fazer locução tinha uma ideia da rádio bastante diferente da realidade: “Eu não sabia as técnicas de rádio! Eu pensava que havia seres humanos pequenitos que entravam dentro dos aparelhos e falavam! Eu queria ser um ser humano pequenito e entrar num desses aparelhos e contar coisas.”
Estes foram dois dos temas abordados numa conversa profunda sobre jornalismo, feminismo e, sobretudo, amor, cheia de boas recordações, mas focada também naquilo que é o presente de Pilar del Rio: no ano em que se celebram os 100 anos do nascimento de José Saramago, Pilar del Río acaba de lançar o livro “A Intuição da Ilha”, sobre as memórias vividas n’A Casa em Lanzarote.