A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, elogia o trabalho feito, sobretudo ao nível da vacinação da Covid-19, mas lembra que o próximo ano vai ser um novo teste, a todos os níveis. Propõe, para isso, uma missão de resiliência para toda a União Europeia (UE) com inspiração na força e inovação da juventude. Pede ainda mais legislação para combater as alterações climáticas e especial atenção aos direitos humanos. Declarações no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, no discurso do Estado da União, onde von der Leyen fez o balanço deste ano e projetou as prioridades para 2022.
Neste prestar de contas ao Parlamento Europeu, a líder do executivo comunitário destacou o papel da União no combate à pandemia de Covid-19. Por um lado, no apoio ao desenvolvimento de vacinas, por outro, para que não faltassem aos europeus. Para que tudo continue controlado, anunciou um reforço de doses para o próximo ano e insistiu numa "União da Saúde" para evitar novas pandemias.
"Queremos criar uma missão de resiliência para toda a UE, que será apoiada pelo investimento da Team Europe em 50 mil milhões até 2027. Queremos assegurar-nos que nenhum vírus possa de novo transformar-se numa pandemia global", disse.
Von der Leyen avisa também que 2022 vai ser um novo teste e que é preciso adquirir inspiração na determinação dos jovens europeus: "Quando eu olho para a nossa União, eu sei que vamos passar o teste. O que me dá essa cofiança é a inspiração que podemos adquirir dos jovens europeus. Eles acreditam que temos responsabilidade em relação ao planeta e apesar de estarem ansiosos sobre o futuro, eles estão determinados a fazer melhor. A nossa União será mais forte se formos mais como a nova geração. E este espírito vai ser importante para os proximos 12 meses".
Em matéria de investimento, aposta nas ligações e qualificações digitais e considera que o mercado único, a fazer 30 anos, será fator de criação de emprego. Avança também que vai propôr um diploma para evitar os "lucros escondidos por detrás de empresas de fachada", com o objetivo de lutar contra a fraude e evasão fiscal.
A presidente da Comissão Europeia propõe ainda banir do mercado europeu produtos que resultem de trabalhos forçados, até porque "os direitos humanos não estão à venda". Lembra que "Há cerca de 25 milhões de pessoas ameaçadas ou coagidas em trabalhos forçados" e "não podemos aceitar que sejam forçados a fazer produtos e este produtos têm de ser banidos para venda aqui nas nossas lojas, na Europa".
Numa declaração emotiva, lamentou a situação no Afeganistão e prometeu um aumento no pacote de ajuda humanitária ao país, adjudicando mais 100 milhões de euros. Não foram esquecidas também as críticas ao regime de Alexander Lukashenko, na Bielorrússia, a quem acusa de instrumentalizar seres humanos.
Apostada numa política de defesa comum, Ursula Von der Leyen anunciou que irá organizar, com o Presidente francês, uma cimeira em 2022, argumentando que é "necessário" a Europa desenvolver uma "União Europeia de Defesa".
No capítulo das alterações climáticas, a presidente do executivo comunitário aponta o dedo ao Homem e que cabe à humanidade fazer alguma coisa. Por isso, quer mais intervenção legislativa e a UE vai duplicar financiamento externo para proteção da biodiversidade.
Von der Leyen, que tomou posse em 01 de dezembro de 2019, fez a sua primeira intervenção deste género em 16 de setembro de 2020.