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Governo garante estar "atento e preocupado" com problemas nos aeroportos

Reação do Ministério das Infraestruturas ao alerta que Deco, que pediu intervenção rápida para que sejam garantidos direitos dos passageiros com voos cancelados.

Governo garante estar "atento e preocupado" com problemas nos aeroportos

O Governo disse hoje estar "atento e preocupado" com a situação nos aeroportos, mantendo “contacto permanente” com a ANAC e a ANA, para solucionar os problemas sinalizados, segundo uma resposta à Deco, a que a Lusa teve acesso.

A missiva do Ministério das Infraestruturas e da Habitação foi enviada à Deco, após a associação de defesa do consumidor ter instado o Governo e a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) a intervirem para acautelar os interesses dos passageiros afetados pelos cancelamentos de voos em Lisboa nos últimos dias, cujo direito à assistência "não está a ser aplicado".

"O Governo está atento e preocupado com a turbulência que tem afetado os aeroportos europeus, com efeitos também nos aeroportos portugueses", lê-se na resposta do ministério liderado por Pedro Nuno Santos.

O Governo garantiu estar em "contacto permanente com a ANAC", para que sejam "tomadas as diligências necessárias para serem executadas todas as medidas legais, tendo em vista a melhoria das condições oferecidas aos passageiros em momentos críticos", lembrando que está a funcionar, desde junho, um grupo de contingência com o objetivo de identificar as medidas a serem tomadas tendo em vista a melhoria operacional, que se tem reunido regularmente.

No mesmo sentido, o Ministério das Infraestruturas disse estar também em contacto permanente com a ANA – Aeroportos de Portugal, "para sinalizar e encontrar soluções para os problemas identificados, nomeadamente no que concerne ao serviço prestado aos passageiros em espera".

Na origem destas situações estão falta de pessoal, greves e outros fatores externos agravantes, nomeadamente climáticos, relacionados com a covid-19 ou com imprevistos.

O Governo lembrou ainda que o Plano de Contingência para o verão nos aeroportos nacionais arrancou na segunda-feira.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador do departamento jurídico da Deco - Associação de Defesa do Consumidor afirmou que “isto não é uma situação nova, uma vez que disrupções e problemas no aeroporto [de Lisboa], infelizmente, têm sido cada vez mais constantes”.

"O que nos preocupa são as respostas que estão sempre a ser dadas aos consumidores e, sobretudo, o facto de estes terem direitos que não são aplicados e de ser necessário ter planos de contingência preparados quer pela infraestrutura aeroportuária, quer pelas próprias transportadoras, para garantir o direito à assistência", disse o responsável.

Segundo Paulo Fonseca, na sequência das “várias dezenas” de reclamações de consumidores recebidas durante o passado fim de semana, a associação enviou hoje cartas ao Ministério das Infraestruturas e Habitação e à Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) reclamando “uma intervenção célere e eficaz que acautele os interesses dos passageiros através de todos os mecanismos”.

"No fim de semana recebemos algumas dezenas de queixas, o que é demonstrativo que os passageiros estão com dificuldade em exercer os seus próprios direitos", avançou à Lusa, precisando que em causa está o Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, já que "não houve queixas relativamente aos outros aeroportos".

Neste sentido, na carta enviada à tutela, ao ministério de Pedro Nuno Santos, a Deco destaca a “necessidade de impor quer às transportadoras, quer à infraestrutura aeroportuária, a implementação de planos de contingência em diferentes níveis, consoante o grau de afetação de passageiros e a natureza e duração da situação disruptiva”, de forma a “assegurar a assistência e demais direitos dos consumidores”.

“Estes planos deverão, também, definir medidas que visem a existência de estruturas e mecanismo de apoio e informação adequados às necessidades sentidas pelos passageiros quando enfrentam situações de atraso ou cancelamento de voos”, lê-se na missiva, a que a Lusa teve acesso.

O objetivo é que, em caso de necessidade, “esses mecanismos de contingência sejam de imediato acionados e tenham, por exemplo, um conjunto de estabelecimentos hoteleiros preparados para receber os passageiros”.

Já no que diz respeito ao direito à indemnização, o coordenador do departamento jurídico da Deco explica que esta pode ir dos 250 euros aos 600 euros, “dependendo do tipo de voo e da distância”, e precisa que não é aplicável em algumas situações, "designadamente perante circunstâncias extraordinárias não oponíveis à própria transportadora, como uma intempérie, um ataque terrorista, uma guerra ou a situação vivida o ano passado com a pandemia, com a imposição do cancelamento dos voos".

Afirmando-se particularmente "preocupado" porque "esta já é uma situação recorrente", o que leva a que "os consumidores já tenham receio de viajar de avião porque não sabem se vão conseguir ter voo a tempo e capacidade para embarcar", Paulo Fonseca alerta que, se já é possível "antever que o verão vai ser disruptivo, também já se sabe que no Natal e na passagem de ano se vai repetir a mesma situação".