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Se Lizzo brilhar, toda a gente brilha. E assim foi no NOS Alive

A estreia da norte-americana em Portugal foi esta noite na 15ª edição do NOS Alive.

Se Lizzo brilhar, toda a gente brilha. E assim foi no NOS Alive
Rúben Viegas

7 de julho de 2023. O dia da estrondosa estreia da magnética Lizzo em Portugal. Recinto praticamente cheio para dar as boas-vindas à cantora, rapper, dançarina, atriz e instrumentista de Detroit, Michigan, o estado que viu nascer a constelação Madonna. Se aos dez anos, Lizzo foi viver para Houston, Texas, com a família, agora podemos afirmar que a norte-americana está em mudanças para Via Láctea que alberga as estrelas mais brilhantes. Há textura de estrela nesta mulher que batalhou uma década para ter o lugar que lhe é legítimo: o palco.

Fervorosa, incandescente e dona de uma garra capaz de girar a Terra ao contrário, Lizzo veio ao mundo com a missão de energizar e elevar o espírito de multidões. 

"Quando entro no palco sinto uma luz brilhante. Ligam-se as luzes quando estamos em palco. Ligamo-nos a algo superior e eu quero que o público sinta isso", conta a norte-americana no documentário 'Love, Lizzo', que está disponível na plataforma HBO Max. E o público sentiu. Do início ao fim do concerto. Euforia na chegada, euforia no meio e euforia no fim. 

O alinhamento da digressão da norte-americana gira à volta dos dois últimos álbuns que editou: Cuz I Love You, editado em 2019 e que propulsionou Lizzo para a ribalta, e Special que chegou em 2022.

A primeira onda de gritos, que começou quando a banda se ia posicionando à frente do público, atingiu o pico quando Lizzo entrou no palco. Poderosa e deliciosamente genuína nos seus altos (mas também nos seus baixos que, aliás, não esconde de ninguém) a cantora entrou no palco, acima de tudo, para nos fazer sentir bem. Bem connosco e bem uns com os outros. 


A amplitude vocal de Lizzo ficou a descoberto logo na primeira canção que levou a Algés. A confessional Cuz I Love You espalhou o feeling da soul por todo o recinto e fez a passagem para a sumarenta Juice, por esta altura com um bom ramalhete de bailarinas, também vestidas de cabedal preto e enroladas em fitas cor de rosa, e, mais lá atrás, dois bailarinos.  

Lizzo, mulher "efervescente" como a "TIME" tão bem a descreveu quando a escolheu como a personalidade do entretenimento de 2019, chegou a Portugal e gostou do que viu. "Estou a divertir-me muito aqui", disse à multidão durante o espetáculo que passou à velocidade da luz - mas à velocidade da luz muito particular de Lizzo. 

Quando cantou 2 Be Loved (Am I Ready), do disco Special, a artista norte-americana já tinha outra vestimenta. Agora de macacão vermelho, Lizzo expressa tudo o que tem com o corpo e o grupo frenético de bailarinos acompanha o ritmo exigente da demanda.

"Quando é que foi a última vez que disseram alguma coisa simpática a vocês próprios?", pergunta aos milhares que tem aos pés. "Podem dizer agora", acrescentou antes de se ouvir Soulmate, a segunda do alinhamento que seguiu com canções como Phone/Grrrls, Boys, Tempo e Rumors até o recinto se transformar num mar de luzes ao som de Jerome.

Lizzo, agora de vestido dourado e com um sorriso convicto, pede a toda a gente para segurar o mantra da valorização pessoal e do cuidado com os outros. Insiste que todos somos especiais e motiva a partilha de elogios. Algés escutou Special, claro.

Everybody's Gay, que terminou com Lizzo enrolada na bandeira LGBT+, veio antes da homenagem que faz aos Coldplay, ao cantar um excerto de Yellow que os britânicos editaram em 2000, com o disco Parachutes. "É a minha música preferida dos Coldplay", avisou, antes de brilhar outra vez mas agora no domínio da flauta transversal, instrumento que trata por tu desde os 10 anos de idade. Coldplay, que incluiu no álbum Special, veio depois.   

Em Truth Hurts toda a gente canta. Lizzo corre de um lado ao outro do palco, pula e faz um twerk irrepreensível. Quase perto do fim, ainda houve tempo para a norte-americana ler os cartazes que os fãs levaram, com devoção, para junto do palco. Foi por isso que Lizzo cantou os parabéns a um rapaz a quem chamou de "meu amigo", autografou um dos cartazes e tirou uma selfie com o telemóvel de um sortudo que teve o arrojo de lhe pedir.

I Love You Bitch continuou a animar a pista de dança improvisada no recinto e Good as Hell funcionou com uma purga coletiva. "Libertem as más energias, não precisam disso", lembrou a todos os que ali estavam.

About Damn Time selou o primeiro espetáculo de Lizzo em Portugal. Celebração no final e, claro, um desejo efervescente pelo reencontro.