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Mick Jagger é a partir de hoje um octogenário

O vocalista dos Rolling Stones é um dos maiores performers do rock de sempre.

Mick Jagger é a partir de hoje um octogenário
Vianney Le Caer (Associated Press)

O eternamente jovem cantor dos Rolling Stones, Mick Jagger faz hoje 80 anos, como se tivesse vinte anos quatro vezes. Ele é um dos maiores performers de sempre do rock, com poucos ao seu nível e nenhum com a sua duração no tempo.

Muita da grandeza dos Rolling Stones foi conquistada nos palcos. É nesse histórico ao vivo que selecionamos dez momentos significativos da carreira de Mick Jagger, em celebração dos seus 80 anos.

1965, em Münster (Alemanha)
1965 é o ano do lançamento de '(I Can't Get No) Satisfaction' e... do lançamento dos Stones ao mundo. A banda começa a tocar pela Europa fora. Mick Jagger ainda estava a descobrir-se a si mesmo num palco tão apertado como o do Halle Münsterland, em Münster. A banda ainda se vestia como se fosse para uma festa de família. Os fãs ainda não sabiam se haviam de estar sentados nas cadeiras ou de pé. Os dois fotógrafos miravam mais os excitados espectadores do que as novas estrelas em cima do palco. E os técnicos de som ainda estavam a tentar perceber como amplificar um concerto de rock & roll. O guitarrista Brian Jones tinha um papel de peso ao lado de Mick Jagger. Eram os últimos de ingenuidade antes do rock se desgrenhar de vez.

 

1966, no The Ed Sullivan Show, em Nova Iorque (Estados Unidos)
Nos anos 50 e 60 não havia internet, mas havia o Ed Sullivan Show, o programa televisivo da CBS que abria aos artistas a cortina a toda a América em modo de sucesso galopante. Entre 1964 e 1969, os Rolling Stones tornaram-se visitas regulares dos estúdios nova-iorquinos que tinham como anfitrião Ed Sullivan. Neste vídeo em baixo, Mick Jagger já sabe bem onde estão as câmaras. É ele que decide quando fixa o olhar numa das máquinas de filmar, com um casaco cool que parece de farda militar e uma gravata que abre como um lenço, enquanto a banda está arrumadinha em placas redondas. Há um ser não vivo que também se destaca nestes dois minutos: a indiana sitar manuseada por Brian Jones. O beatle George Harrison foi por pouco tempo a única celebridade ocidental a tocar no instrumento mitificado por Ravi Shankar.    

 

1969, no Hyde Park, em Londres (Inglaterra)
É um dos grandes testes de fogo para Mick Jagger. Os Stones iam dar o primeiro concerto em dois anos, logo para a sua maior multidão de sempre (de 250 mil pessoas para cima), estreando o novo guitarrista Mick Taylor, no lugar do fundador Brian Jones, que a banda havia dispensado e que tinha morrido dois dias antes deste evento: The Stones in the Park. Eram muitas emoções à mistura, que Mick Jagger conseguiu estruturar, transformando este espetáculo num concerto de homenagem a Brian Jones. Foram muitas emoções para uma ocasião também lembrada pela pobres condições sonoras. O concerto finaliza com uma versão de 'Sympathy For The Devil', com danças tribais africanas e muita batucada por um contigente de percussionistas. 

 

1969, em Altamont (Estados Unidos)
Se o Woodstock foi o paraíso, o festival de Altamont foi o pesadelo. A segurança do evento foi entregue aos Hell Angels, o que não foi uma grande ideia e o caldo rapidamente se entornou. O medo e a falta de espaço prenderam os habituais movimentos dançantes de Mick Jagger, apeado por más vibrações à sua volta. Ao seu lado direito, tinha um fã a alucinar ferozmente, enquanto o gangue de motards ia sovando a malta hippie até acontecer a mortal punhalada num fã negro, mesmo à frente da banda. Não podia ter corrido pior.     

 

1972, em Fort Worth (Estados Unidos)
O apogeu criativo da banda - com os álbuns "Let It Bleed" (de 1969), "Sticky Fingers" (de 1971) e "Exile on Main St." (de 1972) – estava a ter reflexos nas atuações poderosas, onde o guitarrista Mick Taylor tinha um papel determinante. Mick Jagger continuava a soltar-se como uma fera em palco, apesar das incidências policiais que continuavam a perseguir os Stones em terras de Tio Sam. 

 

1981, em Tempe (Estados Unidos)
Maior o palco, maior o recinto, mais Mick Jagger crescia como performer monstruoso ao vivo. Os movimentos já estavam consolidados: a mão na anca como a fração de segundo de paragem àquele frenesim de esbracejamentos e de andar rápido, como se fossem tiques nervosos do cantor. Na zona de fumadores, com os guitarristas Keith Richards e Mick Jones com os cigarros como amuletos nos cantos das bocas, o baixista Bill Wyman continuava a ser único que só pedia discrição e sossego. Aos 0:08 do vídeo em baixo, vê-se o teclista do sexteto fundador, Ian Stewart, curvado para o piano, ele que ficou para a história como o eterno Stone à sombra dos outros cinco.  

 

1985, no Live Aid, em Filadélfia (Estados Unidos)
Durante o abrandamento dos Rolling Stones a meio dos anos 80, Mick Jagger encetou a sua carreira a solo. E é sem a sua banda de sempre que se apresenta no Live Aid, numa atuação em que chamou a velha amiga Tina Turner, para mais um dueto explosivo, que deu tempo para uma mudança de roupa um pouco atribulada.

 

1988, em Tóquio (Japão)
A pandemia visual do cabelo mais comprido atrás atacou forte e feio nos anos 80 e nem Mick Jagger se livrou desta incontinência capilar, durante a sua digressão mundial a solo. No vídeo em baixo, Mick Jagger chega a parecer-se em certo momentos com um conde dos tempos do Absolutismo, com breves ilusões de ter cabelo postiço pombalino. A genica em palco mantém-se, as canções dos Stones também, mas o guitarrista ao seu lado não é Keith Richards... mas Joe Satriani. 

 

1990, em Berlim (Alemanha)
A digressão de regresso dos Rolling Stones, a Steel Wheels/Urban Jungle Tour, apanha em cheio com a queda da Cortina de Ferro na Europa de leste, o que leva a banda a tocar em Berlim de Leste e na capital da ainda Checoslováquia, Praga. O mapa europeu ao vivo dos Stones também se alarga a ocidente, com o concerto de estreia em Portugal, no antigo Estádio de Alvalade, a 10 de junho de 1990. 

 

2006, no Rio de Janeiro (Brasil)
Ao fim de mais de 40 anos na estrada, os Rolling Stones tocam para a sua maior multidão de sempre, dois milhões de pessoas, na Praia de Copacabana. Foi um dos pontos altos da mais rentável digressão de sempre dos Stones, em que correram quatro continentes em dois anos.