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Lacerda Sales diz que aguarda documentos para "tentar relembrar" caso das gémeas

Antigo secretário de Estado da Saúde sublinha que passaram quatro anos, com "uma pandemia pelo meio".

Lacerda Sales diz que aguarda documentos para "tentar relembrar" caso das gémeas
Rodrigo Antunes | LUSA
O antigo secretário de Estado da Saúde António Lacerda Sales afirmou hoje que aguarda por documentação para se poder "tentar relembrar" do caso das gémeas, dizendo que apenas responderá "em sede própria", perante a justiça e a inspeção de saúde.

Lacerda Sales foi hoje questionado pelos jornalistas à saída do plenário sobre as declarações que já fez neste caso, divulgado pela TVI, e que envolve a administração a duas gémeas do medicamento Zolgensma - um dos mais caros do mundo - para a atrofia muscular espinhal no Hospital Santa Maria, em Lisboa.

"A única coisa que posso dizer e fazer é repetir aquilo que já disse variadíssimas vezes: decorre neste momento um processo de inquérito contra desconhecidos, obviamente que só poderei e deverei responder em sede própria, que é o DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) e a IGAS (Inspeção-Geral das Atividades em Saúde), e perante o conhecimento dos factos", afirmou.

O antigo governante e atual deputado afirmou, como disse já ter referido à comunicação social, que solicitou na quarta-feira documentação ao Governo sobre este caso, que data de 2019.

"Eu quando digo que não me lembro, é que genuinamente não me lembro mesmo, eu preciso de factos e preciso de documentos para poder ter acesso e para me poder tentar relembrar", afirmou, salientando que passaram quatro anos, com "uma pandemia pelo meio".

Na segunda-feira, António Lacerda Sales afirmou que nenhum secretário de Estado tem poder para marcar consultas e influenciar ou violar a consciência e a autonomia de qualquer médico.

Segundo uma reportagem da TVI, a primeira consulta das gémeas terá sido solicitada por um secretário de Estado à diretora do Departamento de Pediatria do Hospital Santa Maria.

Nessa ocasião, Lacerda Sales não quis fazer mais comentários sobre o caso, uma vez que decorre um processo de inquérito na justiça, e disse não se recordar do caso das gémeas.

Na Comissão parlamentar de Saúde, foi hoje 'chumbado' um requerimento da IL que, entre outras entidades, pretendia ouvir os ex-governantes do setor Marta Temido e Lacerda Sales.

Também hoje, o PS anunciou que vai chamar ao parlamento o atual ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e a presidente do Hospital de Santa Maria, Ana Paula Martins, salientando que "o parlamento fiscaliza o Governo e os órgãos da Administração Pública, e, por isso, quem está em funções".

O caso das gémeas foi revelado numa reportagem da TVI, transmitida no início de novembro, segundo a qual duas crianças luso-brasileiras vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma.

Segundo a TVI, havia suspeitas de que tal tivesse acontecido por influência do Presidente da República, que negou qualquer interferência no caso.

Na segunda-feira, numa declaração aos jornalistas no Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa confirmou que o seu filho Nuno Rebelo de Sousa o contactou sobre este caso em 2019. O chefe de Estado defendeu que o tratamento dado ao caso das gémeas foi neutral e igual a tantos outros e informou que a correspondência na Presidência da República sobre o mesmo foi remetida para a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Além da PGR, o caso está a ser investigado pela IGAS (Inspeção-Geral das Atividades em Saúde) e é também objeto de uma auditoria interna no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, do qual faz parte o Hospital de Santa Maria.