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Filhos de pais com mais estudos dominam os melhores cursos

Alunos mais desfavorecidos optam pelos Politécnicos, enquanto os filhos de pais com estudos superiores ocupam as Universidades

Filhos de pais com mais estudos dominam os melhores cursos

Os filhos de pais com estudos superiores dominam os cursos com as notas mais elevadas, como é o caso da Medicina, Direito e das Engenharias, enquanto os alunos mais carenciados vão para os Politécnicos, optando pelos cursos de Educação e Ciências Empresariais.

Esta é uma das conclusões de um estudo da Fundação Belmiro de Azevedo, intitutlado " A Equidade no Acesso ao Ensino Superior".

Foram avaliados dois fatores: o número de alunos que recebe bolsas de ação social e as qualificações académicas dos pais.

O exemplo é claro: 73,2% dos alunos de Medicina (em universidades) são filhos de pais com Ensino Superior, ao passo que 73% dos estudantes de Enfermagem e Tecnologias da Saúde (em politécnicos) são filhos de pais com qualificações inferiores.

Medicina é também dos cursos com menor número de bolseiros (na Universidade Nova não chegam aos 8% e no Porto rondam os 11%). No entanto. esta situação altera-se nos cursos de Medicina em universidades no interior do país, onde o número de bolseiros é substancialmente maior.

Noutras áreas - como as ciências jurídicas, farmácia e engenharias - os alunos universitários igualmente origens socioeconómicas mais privilegiadas.

Ao todo, 28,1% dos alunos que frequentam as universidades têm bolsas, enquanto nos politécnicos essa percentagem sobre para 37,4%.

"Ainda é verificada uma enorme estratificação social", explica o coordenador científico deste estudo. Alberto Amaral diz que a solução para diminuir as desigualdades e "quebrar este ciclo elitista" passa pelo aumento do número de vagas.

O coordenador deste estudo diz que o Governo começa a prestar mais atenção a este fenómeno, mas garante que "ainda é pouco". Em causa, o aumento do número de vagas, no Porto e em Lisboa, dos cursos com uma média superior a 17 valores.

Alberto Amaral defende, por isso, a extensão desta medida a outros pontos do país, como também já foi defendido pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP).