Era o que Faltava
Temporada 2
Tiago Rodrigues (com Exclusivo Online)
As histórias que são contadas no tetro e o fantasma de D. Maria II
Ator, encenador, dramaturgo e diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Tiago Rodrigues é um nome maior das artes, vencedor do Prémio Pessoa 2019 e que não se coíbe, por exemplo, de trabalhar 14 horas na cozinha de um restaurante Michelin para preparar uma peça sobre dois cozinheiros criativos.
Em Julho, Tiago Rodrigues vai levar a peça “O Cerejal” de Tchékov ao Festival D’Avignon, um dos mais importantes festivais de teatro do mundo. Ou seja, vai encenar Isabelle Huppert e vai levar consigo atores e músicos portugueses como Isabel Abreu ou Manuela Azevedo e Helder Gonçalves dos Clã, que também criaram a música original para a peça. Hoje recebemos Tiago Rodrigues.
Apesar da equipa, das condições e do passado do Teatro D. Maria II, “não quer dizer que se não tivermos a qualidade e a humildade e a capacidade de trabalho suficientes consigamos contar uma história melhor do que aquela que é contada na sala de espera do Centro de Saúde”, é preciso aceitar “que o teatro tem que ter essa dimensão”. No fundo, o teatro “tem que ser uma sala de espera de um Centro de Saúde, tem que ser uma assembleia, tem que ser um café, tem que ser um lugar onde nos encontramos à volta de histórias”.
Dizem por aí que o fantasma de D. Maria II está dentro do teatro, “aparentemente, tem o superpoder de controlar as correntes de ar, cientificamente alguém diria que num teatro há correntes de ar porque há muitas portas para os camarotes e de vez em quando é natural que elas batam”. No entanto, a explicação científica, não é suficiente para as pessoas do teatro, “aparentemente, a D. Maria enquanto fantasma, o seu poder limita-se a bater com portas. Para mim é muito difícil de acreditar, a menos que esteja a ser castigada numa espécie de limbo há mais de 150 anos”, diz Tiago Rodrigues de forma irónica.