Era o que Faltava
Temporada 3
António Barreto (com Exclusivo Online)
“Nós não podemos brincar à política”
Nasceu no Porto, mas em criança mudou-se para Vila Real. Estudou na Faculdade de Direito, da Universidade de Coimbra, mas 1960 decidiu dedicar-se à Economia, na Universidade de Genebra, na Suíça. Em 1970, quando acaba o curso, dedica-se exclusivamente à investigação no Instituto das Nações Unidas para o desenvolvimento social, até 1974. É nesse ano que António Barreto volta a Portugal, no período da Revolução de 25 de abril. No Era o Que Faltava, com João Paulo Sousa e Ana Martins, o sociólogo, que passou grande parte da vida fora de Portugal, afirma que “naquela altura (ditadura Salazarista), em Portugal, era proibida a sociologia, não havia sociologia. Constava, que o próprio Dr. Salazar teria dito que cá em Portugal jamais haverá sociologia. Tudo o que fosse conhecermo-nos a nós próprios, analisar e criticar a sociedade, era proibido”.
Nesta conversa, onde foram abordados temas como a política, António Barreto afirma que “há quem despreze a estabilidade e que diga que não tem importância. O problema da instabilidade é o problema do mandato. Uma das mais fortes ideias da democracia é a ideia do mandato. Eu dou a alguém um mandato de quatro anos para governar, fazer o seu melhor e tratar de nós e daqui a quatro anos eu vou ver se ele cumpriu e se me satisfez esse compromisso. Hoje em dia, com a velocidade de tudo e mais alguma coisa, a noção de mandado está-se a perder. Eleito um governo, vão logo fazer sondagens para ver se esse governo vai, ou não, cair”
Ao falar do estado em que está Portugal, António Barreto espera que as próximas eleições sejam “uma coisa séria”: “Nós em Portugal com o endividamento que temos, com a situação económica muito frágil, a hipótese de um novo resgate financeiro, porque a dívida é insuportável, nós não podemos brincar à política”.