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Filipa Gomes

Era o que Faltava

Temporada 3

03 dezembro, 2021

Filipa Gomes

Batom vermelho. Cabelo arranjado. Irreverência no look. É assim que se apresenta. Filipa Gomes esteve no Era o Que Faltava com o João Paulo Sousa e Ana Martins.

“Eu não tenho grandes memórias dos meus pais a brincarem comigo, mas tenho muitas memórias de estarmos à mesa juntos”

Batom vermelho. Cabelo arranjado. Irreverência no look. É assim que se apresenta. Tem mão para a cozinha, mas diz que não é chef. Gosta da liberdade que os pratos salgados lhe dão, mas admite que o maior desafio (e também a maior perdição!) são os doces. Ficou conhecida dos portugueses no “24 Kitchen” e lançou, recentemente, o livro “Diário de Receitas”. Filipa Gomes esteve no Era O Que Faltava com João Paulo Sousa e Ana Martins. A conversa estava tão saborosa que teve direito a uma pitada extra no exclusivo online!

Desde menina que queria ser mulher. Gosta de se sentir feminina e de andar arranjada. Porém, Filipa Gomes explica que nem sempre a sua confiança foi inabalável. Quando era mais jovem, a comparação com os corpos que a rodeavam era constante e o sentimento de não pertença aos cânones de “corpo ideal” pairava. A aceitação foi e é um processo, mas Filipa Gomes percebeu que não precisa de encaixar num molde, até porque “o valor que está na diferença é precisamente o valor que está na igualdade”

E acrescenta: “Desde miúda que eu era muito apontada por ser mais gordinha e isso, para mim, era fonte de sofrimento, de dor, de tristeza. Eu nunca me sentia a encaixar nos cânones”, então “comecei a tentar ir pela diferença”. Cor, textura e irreverência são características que definem a apresentadora de televisão que diz que “sempre fui pelo choque e pela diferença” pois “sempre quis fugir aos cânones”.

É mãe de Viriato e Julieta. Já lançou três livros e já fez muitos programas de televisão. Filipa Gomes confessa que tem dificuldades em delegar trabalho e admite que quer ter sempre tudo sob controlo. A autora do livro “Prato do Dia” sabe que vive no mundo da “hiper produtividade” e, por isso, obriga-se a parar, a reparar em si e a passar tempo com a família. Porém, admite que a gestão não é fácil: “Eu vivo com culpa: quando estou muito tempo em família, com os meus filhos, fico com o bicho devia estar a… Quando estou a trabalhar, fico com o bicho devias estar a ser mãe. É muito difícil fazeres esta gestão da vida profissional e da vida pessoal. Também porque, lá está, na vida profissional, sou em que tomo conta de tudo. Ainda não deleguei, ainda não passei para outra pessoa o peso e a responsabilidade”.

Diz que o dia perfeito é aquele em que a criatividade borbulha e no atelier se misturam sabores, cheiros e texturas. Fã da gastronomia portuguesa, é nas viagens que descobre os ingredientes que dão um twist aos seus pratos. Começou a cozinhar aos 24 anos, mas ninguém diria. Filipa Gomes tem um talento inato para a cozinha e diz que gosta de fazer receitas que qualquer pessoa possa replicar: “Se eu consigo as pessoas também conseguem. Eu que não tenho formação académica na área, passei essa lógica de fazer programas: assumir algumas falhas, assumir que se pode atalhar caminho, de vez em quando, e eu acho que isso dá poder às pessoas”:

Se estar à mesa é o modo de estar favorito dos portugueses, estar à mesa com a televisão desligada começa a tornar-se raro. Porém, Filipa Gomes tenta que essa seja a regra. Cresceu numa casa onde a refeição se fazia em família, onde a conversa era a ementa e onde todos os problemas se desfaziam: “Eu não tenho grandes memórias dos meus pais a brincarem comigo, ou de os meus pais me lerem livros, mas tenho muitas memórias de estarmos à mesa juntos. Era sempre um ponto de encontro. Era um ritual”. Esta tradição de comunhão e de convívio à mesa é algo que Filipa Gomes quer incutir aos filhos.

No Era O Que Faltava Filipa Gomes falou sobre a possibilidade de abrir um espaço seu. A autora do “Diário de Receitas”, um livro que a par com as receitas de Filipa Gomes pode ser completado com as especialidades de cada pessoa, confidenciou que ter um restaurante onde tivesse de estar 16 horas por dia, não é para si. Porém, deixa a porta aberta para outro tipo de projeto: Filipa Gomes não dizia que não a um espaço onde a totalidade do conceito e da carta fosse da sua autoria.