Era o que Faltava
Temporada 3
Francisco Lufinha
“Eu lembro-me de estar agarrado a dizer ‘Não, não, não!’, mas deitei-me já preparado com um saco de emergência”
Francisco Lufinha acaba de regressar de uma viagem de 47 dias num “barquinho mais baixo do que as ondas”. “Só quero é estar no mar!”, confessa o “velejador de origem” a João Paulo Sousa e Ana Delgado Martins, no Era o Que Faltava. Como é que dormia? “Deitava-me lá dentro da cabine. Inventamos uma cama com uma rede mais ou menos confortável que quase que dava para me esticar todo, tinha que abrir as pernas e pôr uma para o ar”.
Após 6.500 quilómetros a bordo de um barco puxado por um kite, o recordista mundial revela: “às tantas, tens muito tempo para pensar, começas ‘ah, isto se calhar é um sinal, eu não devia ir...’”. Mas tem um “trunfo” para não desistir: “é o compromisso. Eu espalho o máximo possível e acabo por me comprometer”. Depois, “começas a ver caras, a quem tu disseste ‘Vou fazer isto’, e as pessoas disseram ‘Muito bem, bora aí’ e tu vais dizer ‘Afinal não fiz’”.
Sozinho no meio do mar, um dos seus medos era que o barco virasse. “Estava a desenrolar linhas e rebentou uma onda e eu nem estava a olhar para trás. Caí, fiquei deitado no trampolim com a água a passar por cima - só via branco e espuma - e o barco acelera sozinho e eu cheio de medo que aquilo capotasse”. Durante toda a noite esteve nesta iminência: “Eu lembro-me de estar agarrado a dizer ‘Não, não, não!’, mas deitei-me já preparado com um saco de emergência. Tinha uma botija que dava para 10 minutos a respirar. Se eu ficasse preso dentro do barco, safava-me. Tive de pensar nestas coisas todas...”.
Mas nas noites calmas, o cenário era diferente. “À noite andava nu lá fora... e lembro-me de estar abancado com o barco a andar um bocadinho, com o kite em baixo e a curtir a lua e a pensar “Ah ah, quem é que está mais no mundo a fazer isto? Ninguém!”.