Era o que Faltava
Temporada 3
Júlio Magalhães
“Esta entrevista foi das mais difíceis que eu fiz, foi aquela em que me senti mais inseguro”
Aos 12 anos que começou a chamar Portugal de casa, vindo de Angola. Aos 16, começou a chamar o jornalismo de profissão. Trabalhou no jornal “O Comércio do Porto”, no “Jornal Europeu”, na “Rádio Nova”, na “RTP”, entre muitos, muitos outros sítios! Em 2009, assumiu o cargo de Director de Informação da TVI e em novembro de 2021 aceitou um novo desafio, integrar a equipa da CNN Portugal enquanto pivô! Júlio Magalhães, Juca para os amigos, esteve no Era o Que Faltava para uma conversa com João Paulo Sousa e Ana Martins!
Foi já na CNN que Júlio Magalhães fez “uma das entrevistas mais difíceis” da carreira: a última antes da detenção de João Rendeiro. Foram 40 minutos com alguns nervos à mistura: “Hoje sabemos, mas na altura eu não sabia se na entrevista que ele nos deu, ele estava no mesmo sítio onde está hoje. Nunca soubemos aonde é que ele estava, aquilo foi uma entrevista gravada à 1h da manhã de sábado para domingo, portanto percebemos que o diferença no fuso horário era grande. A meio da entrevista tivemos que parar porque havia muito ruído, percebia-se que ele estava para lá do atlântico e que havia mar no meio, tivemos de parar por má ligação. Já fiz muitas coisas difíceis no jornalismo, mas esta entrevista foi das mais difíceis que eu fiz, foi aquela em que me senti mais inseguro”. O pivô da CNN explicou também de onde vinha o receio que sentia: “Estava com receio por entrevistar uma pessoa que fugiu à justiça, que estava escondida, que nem a polícia sabia dele e depois tinha medo das perguntas que lhe ia fazer, ele podia não querer responder a alguma, mas não, respondeu a todas as perguntas e a entrevista correu lindamente”.
Apesar de ser pivô da CNN, Júlio Magalhães continua a ter outros projetos. Afirma que após muitos anos de carreira, e depois de umas palavras de incentivo de um grande amigo, percebeu que não se deve focar em fazer apenas uma coisa: “O professor Marcelo Rebelo de Sousa há muitos anos disse-me assim: ‘ó Juca, você tente fazer várias coisas na vida porque se uma correr mal, a outra corre bem’ e eu tentei isso sempre. Ao longo de muitos anos de televisão consegui perceber que muitos colegas meus estão obcecados por televisão, até eu fiquei, que depois, não tendo mais nada, aquilo torna-se deprimente”
Após 42 de carreira, Júlio Magalhães conta que “a partir de determinada altura somos apenas mais um número, porque chega gente nova, chega gente melhor que nós, uns não são melhores, mas ocupam espaço na mesma e se nós não tivermos essa capacidade de percebermos que o nosso tempo não é aquele, que já não estou aqui a fazer quase nada e o melhor é continuar noutro sítio, tanto melhor. Foi isso que eu fiz na minha vida e não me arrependo de nada até hoje”.