Era o que Faltava
Temporada 3
Teresa Fabião
"O HIV tornou-se não propriamente um vírus físico, mas um vírus social"
Teresa Fabião junta-se ao Era o Que Faltava diretamente de Praia, Cabo-Verde. É bailarina, ativista de direitos humanos e é, também, a primeira artista portuguesa HIV positiva a assumir-se publicamente. Tendo em conta a sua jornada com o HIV, Teresa sente que “hoje em dia, em países onde temos acesso à medicação, (o HIV) tornou-se não propriamente um vírus físico, mas um vírus social” e que é, por isso, preciso abrir o diálogo sobre este assunto.
É natural do Porto, mas sempre gostou de andar de continente em continente porque, como diz a artista, “tudo é movimento”. É bailarina desde os 6 anos, mestre em Dança e doutorada em Artes Cénicas e estreia agora o espetáculo UNA. “O UNA, para além do corpo, traz uma performance transdisciplinar e também traz um discurso”. Nesta junção de dança, som, vídeo e discurso, Teresa procura sensibilizar as pessoas sobre como o HIV é uma questão de todos e deve ser falada e explicada. “Em alguns países - Portugal acho que se inclui aí – esta pandemia que dura há 40 anos, do HIV/ Sida, não foi vivida, foi sempre calada e escamoteada.” UNA é um dos espetáculos associados ao projeto IMUNE, de Teresa Fabião, e procura, segundo a artista, “reclamar, abrir espaço para uma representatividade das pessoas que vivem com HIV”.
Nesta conversa com João Paulo Sousa e Ana Delgado Martins, Teresa Fabião mostrou-nos como a arte pode ser um “canal de expressão, de resignficação e de transformação”, que ajuda a trilhar o caminho de aprender a ouvir o corpo, exatamente por ter de se traduzir as emoções e os desafios em movimentos, desenhos, cores ou palavras.