Vanessa Fernandes

“As estruturas têm de cair por terra para serem construídas nos valores que realmente é o Olimpismo”

“Foi muito incutido que para obteres um resultado, tens de passar pela dor. Mas porquê? Não pode ser um resultado banhado na alegria?”. Vanessa Fernandes competia desde os 8 anos de idade. Triatleta, foi campeã da Taça do Mundo por 5 vezes e medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2008. Hoje, já longe das pistas, veio ao Era o Que Faltava conversar com a Ana Delgado Martins e o João Paulo Sousa. 

“Eu achava que era uma pessoa de resultados e que não era uma pessoa de relacionamentos nem de pessoas”, confessa Vanessa. “Todos os meus relacionamentos era muito em termos de competitividade… Em que é que eu posso ser melhor do que tu? Então sendo uma mulher, ainda mais… A minha forma de estar era sempre muito à defensiva”.

A decisão de desistir foi “ir ao culminar do meu maior medo, que é o fim, quase, da minha existência”, conta a convidada. Muitas coisas passaram pela cabeça: “vou perder pessoas, vou engordar, vou ficar louca, vou morrer, ninguém vai gostar de mim, o que é que eu sou? não sou nada bem… O que é que existe para lá desta minha paranóia toda? Em quem é que eu tenho de confiar afinal?”. E questionada sobre isso, responde: 

“É no meu caminho, da minha verdade. É a minha confiança interna, cada vez mais confiar em mim e resgatar este meu desconhecido”. Em conversa sobre a situação de Simone Biles, ginasta profissional dos Estados Unidos, Vanessa afirma: “Poeira a ser levantada é bom. É quando tudo está em areias movediças, essas estruturas todas… E como têm de cair por terra para serem construídas nos valores que realmente é o Olimpismo. Não é por acaso que existem os 5 anéis Olímpicos e que existem aquelas valores todos”.