A árvore de Natal atrás do piano de Jamie Cullum já está montada e cintila e o próprio músico inglês, com aquilo que tem (que são as canções), está a fazer-se ao sapatinho, por intermédio do seu primeiro álbum natalício, que é publicado a 20 de novembro.
Foi há pouco esse o cenário faiscante com que se apresentou ao vivo, via zoom, para os jornalistas e alguns fãs, apresentando as suas novas músicas que são originais da sua pena mas ao estilo clássico dos standards jazzísticos.
Com uma simpatia persistente, Jamie Cullum tentou sempre ultrapassar o entrave do desconforto de tocar para um público que não está à sua frente, dobrando as teclas do piano com o seu swing, no seu estilo traquinas que dificilmente o mantém sentado no banco.
Por vezes, não se ficou na condição de cantor e pianista solitário, intercalando as suas interpretações ao vivo com as gravações de algumas dessas canções, como o acompanhamento de uma big band ou até enfeites especiais de Natal.
Além de músico malabarista, com vocação recém-adquirida para boas canções de Natal, Jamie Cullum é um óptimo comunicador, explicando tintim por tintim o processo deste próximo disco, de que será conhecido novo tema de avanço nesta quinta-feira, dia 8.
Cullum entregou-se a este disco no início desta crise pandémica, confinado e de calções, com um livro de notas escrevinhadas, respeitando o estilo do American Songbook, mas com canções fresquinhas saídas da sua cabeça. "Queria fazer algo divertido e ao mesmo tempo um tributo à tradição", explica.
Por exemplo, a sua canção sobre o Pai Natal, 'Jolly The Fatman Is Back', tem como mote o clássico 'Santa Claus Is Comin' to Town'. Mais adiante, o Pai Natal volta a ser o sujeito da canção mas no plural, em 'So Many Santas', baralhado por ver tantos Pais Natal numa só cidade.
Jamie Cullum inspirou-se nas lendas. Pensou em Nat King Cole, por intermédio de 'Have Yourself a Merry Little Christmas', como ponto de partida para o seu 'Beautiful Altogether'. E arregaçou as mangas tendo em mente o seu álbum natalício preferido, "The Spirit of Christmas" de Ray Charles, para saltitar a cantar 'Hang Your Lights'.
Mas as lendas não são só pessoas. Ele próprio foi a um espaço lendário como os estúdio londrinos de Abbey Road, em busca do rasto dos Beatles e do trompete de 'Penny Lane', para fazer uma gracinha neste álbum da quadra festiva. Na gravação do disco natalício, houve máscaras e pessoas, eram quarenta músicos a dar alma humana presencialmente, enquanto que lá fora se faziam reuniões à distância por via de smartphones e afins.
Mas ouviram-se mais músicas neste set de meia hora. 'The Piano Man at Christmas' é a sua música cinematográfica do álbum, em que um pianista nómada procura o aconchego do lar natalício. No festivo 'Turn On The Lights', Jamie Callum vê do outro lado da janela embaciada um boneco de neve.
Os dias ainda estão soalheiros e pedem um gelado, mas na música nova de Jamie Cullum já caem flocos de neve junto às casas cintilantes, nas noites longas de dezembro. É Natal, canta sorridente Jamie Cullum.
