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Álvaro Covões: "ecossistema da cultura está em causa"

Manifestação pela Cultura é nesta manhã de sábado, no Campo Pequeno, em Lisboa.

Álvaro Covões: "ecossistema da cultura está em causa"
JOANA BAPTISTA

É já neste sábado, a partir das 10h30, a Manifestação pela Cultura, no Campo Pequeno, em Lisboa, organizada pela APEFE (Associação de Promotores de Eventos, Festivais e Espetáculos). Um dos principais impulsionadores do protesto tem sido o empresário Álvaro Covões que, em declarações à nossa rádio, reclama um apoio a fundo perdido do Estado às empresas e profissionais de espetáculo.

"Todo este ecossistema da cultura está em causa. Não vai sobreviver. Ninguém sobrevive com 87% de quebra do volume de negócios. Isto é uma impossibilidade técnica. E estamos a falar de janeiro a outubro. A manter-se este cenário de confinamento, estamos a vislumbrar o que vai acontecer nas próximas semanas. Significa isto que até dezembro, vamos ultrapassar os 90% de quebra. Isto é uma tragédia", afirma o diretor da promotora de espetáculos Everything Is New, responsável pelo festival NOS Alive, em Algés. 

Álvaro Covões pede um quadro legal de socorro à cultura, como existe com outros setores em caso de catástrofes naturais, como as pescas ou a agricultura. "Até ao passado fim-de-semana, os apoios do Estado tinham sido transversais. No último fim-de-semana, com a decisão de confinamento ao fim-de-semana, o governo decidiu, e bem, começar os apoios setoriais, nomeadamente ao setor da restauração, e bem. Nós na cultura, que somos o setor com a maior quebra de todas, temos uma questão de sobrevivência. A cultura é o pilar da democracia".  

O líder da Everything Is New, ligado também à sala lisboeta Coliseu dos Recreios, defende a economia privada no setor da cultura, mas, com a atual crise provocada pela pandemia e pelo fecho de salas de espetáculo e pela inviabilidade de se organizar grandes festivais, pede uma ação rápida do Estado. "O setor privado da cultura sempre substituiu o Estado na oferta de cultura. Correu por conta própria os riscos de substituir o Estado nessa oferta de cultura. Agora que vivemos uma situação nunca ocorrida desde o 25 de Abril, o Estado está a assobiar para o lado".  

Esta manifestação no Campo Pequeno pretende também alertar para o risco do aumento de desemprego e de falências no setor privado da cultura.

Álvaro Covões é um dos assinantes do Manifesto pela Sobrevivência da Cultura em Portugal, onde não só reclamam "um apoio a fundo perdido da "Bazuca Europeia" correspondente a 20% da quebra de facturac¸a~o das empresas e a 40% no rendimento de artistas, te´cnicos e profissionais dos especta´culos", como "o adiamento, por mais um ano, das morato´rias e dos cre´ditos empresarias ate´ setembro de 2022" e "o acesso a linhas de cre´dito com care^ncia de capital por 1 ano e meio e ma´ximo de 1% de spread e comisso~es banca´rias inclui´das".