O vocalista João Pedro Almendra, que se destacou nos Kú de Judas e nos Peste & Sida, vai merecer um documentário, "Já Estou Farto", realizado por Paulo Antunes.
Já é conhecido o cartaz do filme, trabalhado por Tó Trips (que além de gráfico, é músico dos Dead Combo e ex-membro dos indie-rockers Lulu Blind), a partir de uma foto de Lara Vasconcelos. Ainda não foi divulgada a data de estreia do documentário.
"Já Estou Farto" retrata o papel de João Pedro Almendra como um dos vocalista e homens do centro do palco mais carismáticos do punk nacional. Projetou-se nos Kú de Judas, a banda do guitarrista João Ribas (que mais tarde formaria os Censurados e depois os Tara Perdida), e fez parte da primeira formação dos Peste & Sida entre os anos de 1987 e de 1989, acompanhado pelo baixista João San Payo, pelos guitarristas Luís Varatojo e Orlando Cohen e pelo baterista Fernando Raposo.
Almendra criou mais tarde os Punk Sinatra. Em 2007, regressou aos Peste & Sida (comandados por João San Payo), do qual saiu pouco tempo mais tarde.
"Já Estou Farto" conta com depoimentos dos ex-companheiros dos Peste & Sida, Luís Varatojo, João San Payo e Orlando Cohen, e ainda Samuel Palitos (ex-baterista dos Censurados), membros da banda punk Mata-Ratos, Alex Cortez (dos Rádio Macau) ou, entre outros, familiares de João Pedro Almendra.
"Já Estou Farto" é também uma abordagem localizada ao bairro lisboeta de Alvalade, onde Almendra sempre viveu, e que foi um pequeno viveiro de bandas punk como os referidos Ku de Judas, Peste & Sida e os Censurados.
O título do documentário é o nome de uma das músicas dos Kú de Judas, quando Almendra ainda militava na banda, antes de ingressar nos Peste & Sida.
O álbum de estreia do novo projeto de Luís Varatojo, Luta Livre, de título "Técnicas de Combate", conta com a participação de João Pedro Almendra no tema 'Pedigree', que é a história de um cão que passeia pelo bairro de Alvalade. Sobre esta participação de Almendra, Luís Varatojo disse-nos em entrevista que "gosto muito do João Pedro, é um dos melhores performers nacionais. No palco, é mesmo uma fera. Sempre mantive o contacto com ele, vivemos em Alvalade. Esta colaboração tem a ver com o facto de nos vermos de vez em quando. Encontrávamo-nos no (clube notívago) Popular, que agora está fechado. De vez em quando, falávamos. Comecei a fazer algumas coisas com ele. Entre essas coisas, havia o 'Pedigree' que me pareceu que se enquadrava bem com todos os outros temas. E então decidimos acabar esse tema e pô-lo em condições de integrar o disco. Tenho mais algumas coisas com ele que vamos usar nos espetáculos que vamos fazer, onde ele participa também. Gosto muito da forma pura e espontânea como ele aborda as coisas. Tinha-o desafiado a sair da sua zona de conforto e da sua forma de cantar com aquela entoação e aquelas melodias muito agarradas ao punk e ao rock português. Disse-lhe: 'era fixe contares aqui uma história e usares um registo mais falado e pores isso numa música'. Muita gente não sabe mas ele é um excelente contador de histórias que domina a audiência. A história que é contada nessa música é a história dele. Ficámos a pensar qual deveria ser a história e ele sugeriu uma volta pelo bairro, com o cão como personagem principal, como um indivíduo que vai observando o que vê em frente. É um retrato do bairro. Ele mora neste bairro desde que nasceu há cinquenta e tal anos. O bairro mudou muito e a letra é um bocado esse reflexo. Acaba por ser uma história muito personalizada. Só ele é que poderia contar essa história, e de uma forma diferente do que a que tem feito”.
