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"Justice", segundo Justin Bieber. O disco que chega para pôr o mundo a dançar

O músico lançou hoje o sexto disco via RBMG/Def Jam Recordings. Estivemos na "listening session" de "Justice" e agora contamos tudo.

"Justice", segundo Justin Bieber. O disco que chega para pôr o mundo a dançar
Foto Promocional Facebook Oficial Justin Bieber

 
 
Justin Bieber já não anda longe da casa dos trinta. Aos 27 anos, o músico, habituado a ter de partilhar as dores de crescimento e atribulações pessoais com o mundo, quer agora confortá-lo. Bieber quer promover uma espécie de abraço de grupo para ajudar a amortecer os efeitos do recente trauma pandémico. Se puder ajudar com música, melhor

No meio deste twist global - que inverteu prioridades e trocou as voltas a praticamente toda a gente - Bieber registou em estúdio algumas "notas" para ajudar os fãs como pode. Cruzou as reflexões consequentes deste episódio histórico com o estado de graça de estar "confinado" a um casamento feliz com Hailey Baldwin Bieber com quem casou em 2018.

Bieber, que no disco anterior estava romanticamente meloso ao ponto de lançá-lo no Dia dos Namorados, embrulhou as novas 16 canções na palavra "justiça" - o título do disco - para mostrar que também se preocupa com os sobressaltos sociais.  

Convém lembrar que 2020 teria sido o ano do regresso de Bieber às digressões, depois de ter estado algum tempo afastado da azáfama dos palcos. A digressão de "Changes" - o álbum anterior - não aconteceu, mas não faz mal. Há coisas mais importantes, como esgravatar um ano que foi particularmente difícil para encontrar uma vibração positiva, útil e que sirva de motor rítmico para ajudar na retoma das nossas vidas.

Embora uma das faixas do novo álbum - a balada 'Lonely' que partilha com benny blanco - seja uma confissão honesta e melancólica de um homem por vezes só, o novo disco chega, em boa hora, com a intenção de unir as pessoas à volta das colunas ou da palavra esperança. Abram as pistas de dança porque "Justice" já é do mundo. E se há coisa que o mundo precisa é de dançar

Para ajudar a dar corpo a "Justice", Justin Bieber voltou a convocar uma série de artistas. Pelo que nos contou, são os músicos que tem como referências atuais. Benny blanco, Khalid, kid LAROI, Dominic Fike, Giveon, Daniel Caesar e Chance The Rapper compõem a equipa de convocados. Skrillex voltou a ajudar na produção de algumas faixas.
 



A famosa plataforma Zoom foi o ponto de encontro para a sessão de audição das novas canções que Justin Bieber converteu então no sexto álbum. 

No centro do ecrã, rodeado por jornalistas de várias partes do mundo, Bieber descreveu a maior parte das canções, exceptuando os singles que já tinham sido lançados antes do nosso encontro: 'Holy', 'Lonely' e 'Anyone'. Fê-lo de peito aberto, sem vergonha de assumir fragilidades - de resto tão intrinsecamente humanas - e crente nas propriedades curativas e regeneradoras da música e do amor. O nome de Hailey, a mulher amada, surgiu uma série de vezes, o que prova, mais uma vez, a façanha de "romântico incurável" que faz transbordar em algumas canções. Mas neste disco há mais que isso. "Justice" chega com um pé no ativismo social.   

"O mundo tem estado a viver tempos loucos. Há muita incerteza. Acho que a palavra incerteza é a mais adequada ao que estamos todos a viver. Com este álbum, o meu objetivo é proporcionar algum conforto a quem o ouve", começou por dizer à plateia virtual de jornalistas. "Quero promover a conexão entre as pessoas que têm estado isoladas e sei que a música é uma boa forma de juntá-las", continuou o músico antes de começar a justificar a razão pela qual escolheu a palavra "justiça" para o nome do disco.

"Dei o nome de 'Justice' ao disco porque ainda há muita injustiça no mundo. Sempre houve, aliás. Quero fazer a minha parte para que o debate sobre estes temas continue", acrescentou o músico antes de se soltar o play para o primeiro tema, a faixa '2 Much'. 

Percebemos o quão empenhado está em transmitir uma mensagem politizada e socialmente ativa quando nos disse que escolheu as palavras de Martin Luther King Jr. - um dos maiores símbolos da luta pela justiça e pela igualdade de direitos - para abrir o álbum. "Injustice anywhere is a threat to justice everywhere/a injustiça num sítio é uma ameaça para a justiça em todo o lado" é a frase que escolheu para fazer as honras de abertura, um pormenor histórico que, de certa forma, mostra a urgência (e o timing) de Bieber em amplificar a voz da luta por um mundo mais justo e onde prevaleça a igualdade.

'2 Much' abre o disco a lume brando. Segundo nos disse, a canção, uma assumida declaração de amor a Hailey, tem uma das suas frases preferidas: "don't want to fall asleep, I rather fall in love/não quero adormecer, prefiro apaixonar-me". O tema fala sobre o quanto o já amadurecido Bieber ama a mulher. Justin Bieber é claramente um homem apaixonado e recomenda que o resto do mundo sinta o mesmo. 

Seguindo a linha r&b e voltando às confissões de amor a Hailey, 'Deserve You' segue o seu caminho a mid tempo, sendo que no final há uma piscadela de olho à bateria que imortalizou o clássico 'In The Air Tonight' de Phil Collins. A referência a Collins foi feita pelo próprio Bieber e a verdade é que, ao longo do álbum, voltamos a remexer na memória coletiva da pop dos anos oitenta. A vibe retro sente-se, por exemplo, em 'Die For You' - a canção que o músico divide com Dominic Fike - outra colisão harmoniosa do passado com o presente.     

'As I Am', uma parceria com Khalid, chega carregado de esperança. "Gosto deste tema porque é uma canção de esperança. Em certas alturas, senti que não merecia amor. Esta canção diz: 'aceita-me como sou e farei o melhor que puder. Não irei a lado nenhum'. Esse foi um dos compromissos que assumi com a minha mulher. Acho que, por vezes, colocamos demasiada pressão em cima de nós. Algumas relações e situações do passado podem fazer com que sintamos que não merecemos amor", disse Bieber sobre a terceira faixa, um momento que roçou uma sessão de terapia partilhada com os que estavam na sala virtual. 

A simplicidade de 'Off My Face' mostra que o amor também pode ser isso mesmo: simples. É uma balada despida e confessional que aponta a luz para a história de amor que o canadiano segura bem nas mãos, sem querer largá-la por um segundo que seja. "Se não estão apaixonados, espero que este tema faça com que queiram estar", disse a dada altura. 
                
Os dramas pessoais que viveu no passado, os resquícios da turbulência interior e, alargando o campo de visão ao resto do mundo, as consequências trágicas da pandemia ganham volume em 'Unstable', tema que partilha com o cantor e rapper australiano kid LAROI.

"Muitas pessoas perderam entes queridos, outras perderam o emprego. Muitas vidas mudaram e isso provocou muita instabilidade. Espero que as pessoas se possam conectar com esta canção. É muito emocional para mim porque, há cerca de um ano, estive muito em baixo. A minha mulher esteve sempre ao meu lado. A mensagem da canção é mesmo essa", confessou. 

Para Bieber o tema 'Ghost' é um dos mais emotivos e cai no nosso colo com uma dicotomia neste quase rescaldo (esperamos nós) da experiência pandémica. A letra é triste, mas o beat é uplifting. "É sobre perder alguém que amamos. Foi um ano em que muita gente perdeu alguém. Muitos perderam relações. Não nos estamos a ligar e a conectar da mesma forma. 'Ghost' é quando nos ligamos alguém através das memórias". 

Há uma série de possíveis hits em "Justice" e torna-se muito fácil projetar os nossos desejos de verão com o descontraído e solarengo 'Peaches'. Os músicos Giveon e Daniel Caesar deram uma ajuda a Bieber para a criação do ambiente veraneante, a lembrar o ritmo do sol a cair no mar ou uma sunset party com os pés enterrados na areia.  

"Todos os que convidei são os artistas que gosto neste momento. Compus esta canção ao piano e depois partilhei um excerto do tema no Instagram. Um dos meus produtores pegou nesse bocado e fez um beat para acompanhar. Saiu de forma muito orgânica", contou-nos Bieber sobre a canção. O vídeo para 'Peaches' já está disponível.
 



'Love You Different' (com o jamaicano BEAM) passeia pelos sons africanos e caribenhos, paisagem musical que Bieber parece estar disposto a visitar mais vezes. 'Loved By You' (que conta com o nigeriano Burna Boy) segue o mesmo tom, beats e inspirações. A justificação é simples: "estamos a precisar de dançar".  Sim, estamos mesmo, caro Bieber.