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NOS Alive: uma dúzia de sugestões

O festival de Algés começa hoje, no lugar do costume: o Passeio Marítimo de Algés.

NOS Alive: uma dúzia de sugestões
JOANA BAPTISTA

Depois de um interregno de dois anos a seco (2020 e 2021) por causa da austeridade pandémica, a ordem é agora para sair de casa, com um cartaz tão eclético, como o que propõe a edição deste ano do festival NOS Alive, que começa hoje e termina no sábado, dia 9. O recinto, composto por sete palcos, é o de sempre: o Passeio Marítimo de Algés.

Seguem-se 12 sugestões, três por cada dia. 

Fontaines D.C. - Palco Heineken, dia 6 (21h30)
São talvez a banda rock do momento, prevendo-se mais um enchente no sobrepovoado hangar do Palco Heineken. Um baixo volumoso, guitarras elétricas indecisas entre o gótico e o shoegaze, uma alma de garage-rock e um fundo melancólico e poético são um combinado fortíssimo, bem evidente nos três álbuns, lançados em três anos, dos irlandeses Fontaines D.C., incluindo o último e recente "Skinty Fia". Grian Chatten é o rocker declamador - com o acréscimo daquele adorável sotaque irlandês.


The Strokes - Palco NOS, dia 6 (22h30)
Nos últimos anos, o vocalista Julian Casablancas, agarrado ao suporte de microfone, ganhou o hábito de falar entredentes, em piadas e ironias que só ele percebe. Mas se o ambiente do concerto corre o risco de ficar estranho - como aconteceu na atuação anterior da banda nova-iorquina, no Festival de Roskilde - teremos os abundantes riffs e refrães a salvarem os Strokes do fiasco. Deram cor ao indie-rock no início do século, camuflaram-se de eletrónica e é todo esse reportório que estará à disposição na noite desta quarta-feira. O quinteto de Manhattan é generoso em satisfazer os fãs que preferem os temas dos três primeiros álbuns. 'Take It or Leave It', 'Reptilia' ou 'You Only Live Once' já devem estar alinhavados.   

 

Stromae - Palco NOS, dia 6
O belga Stromae é uma das grandes estrelas francófonas, que faz o seu batismo ao vivo em Portugal. Sempre de camisa de folhos, é acompanhado por um grande aparato visual de numerosos e movediços ecrãs e por uma enorme pujança eletrónica. 'Papaoutai', sobre o peso de orfandade do pai desde os nove anos (morto no genocídio do Ruanda em 1994), costuma ser um momento mais tocantes nos concertos. 

 

Florence + The Machine - Palco NOS, dia 7 (22h45)
Regressa ao Alive 12 anos depois (e dez anos depois do cancelamento no festival de Algés), embalada por um fortíssimo álbum, ainda fresquinho e editado recentememente: 'Dance Fever'. Ruiva e com um vestido claro que se confunde com uma túnica, parece um anjo no palco, sempre que canta de braços no ar. A sua voz poderosa é um ascensor emocional para o público. Entre os vários clássicos que dificilmente não cantará está 'Shake It Out'.

 

Nilüfer Yanya - Palco Heineken, dia 7 (23h45)
Aos 27 anos, é uma certeza no mundo indie, com um segundo álbum que é desconcertante pelas melhores razões, "Painless" de seu nome. Numa altura em que não se é só uma coisa, a guitarrista londrina deriva entre sons eletrónicos mais enigmáticos e um rock mais festivo e até cru. 


Dino D'Santiago - Palco Heineken, dia 7 (1h15)
O cantor algarvio está a chegar aos poucos a todos os palcos e este ano é a vez de se estrear no Alive, para uma festa notívaga que promete. Sempre com o ativismo desperto, Dino D'Santiago funde a tradição cabo-verdiana com as eletrónicas, com um talento que se vai renovando a cada álbum, incluindo no último disco, "Badiu".  

 

St. Vincent - Palco Heineken, dia 8 (21h50)
A camaleónica St. Vincent está numa fase loira da sua vida, neste ciclo artístico de Daddy?s Home. Além de excelente guitarrista, é uma grande performer e até atriz que merece ter as grandes produções ao vivo que tem, com direito a um trio feminino nos coros. A sua aterragem no Palco Heineken será como o avistamento de um OVNI. Tudo nela é fora de escala.

 

Metallica - Palco NOS, dia 8 (23h00)
A 13ª vinda dos Metallica a Portugal acontece quando o final da última temporada da série da Netflix, "Stranger Things", ainda está a quente - com o tema 'Master of Puppets' (de 1986) a ser determinante. O arsenal histórico já está calibrado pela banda de James Hetfield para mais uma noite de veneração pela mancha negra de fãs: 'Enter Sandman', 'Wherever I May Roam', 'Nothing Else Matters', 'One' e, claro, 'Master of Puppets'. 

 

Três Tristes Tigres - Palco Heineken, dia 8 (23h40)
Entre a abundância de trunfos da programação do NOS Alive, quase se esconde esta ocasião rara de se poder ver ao vivo os Três Tristes Tigres. A única ameaça a este concerto é o sismo de power chords dos Metallica a algumas centenas de metros. De resto, estão lá as vigas para aguentarem os estremecimentos: a inventidade de Alexandre Soares na guitarra elétrica e a escalada vocal sem quedas de Ana Deus pelas letras inteligentes de Regina Guimarães. Para os TTT, a eternidade está no presente, seja na colheita cancioneira mais recente (de "Mínima Luz"), seja nos novos planos que encontram para outras vidas ao reportório dos anos 90.

 

Haim - Palco NOS, dia 9 (19h20)
São o grande trio vocal de irmãos depois dos Bee Gees. As Haim são rockers que gostavam de ser estrelas pop. E de facto, são-no também. O concerto recente em Glastonbury é um bom prenúncio para o que pode acontecer no final de tarde de sábado: boas guitarradas, bons coros e até boas coreografias. O terceiro álbum "Women in Music Pt. III" (já de 2020) é uma boa prova do amadurecimento desta banda de Los Angeles.

 

Da Weasel - Palco NOS, dia 9 (21h00)
É o concerto de regresso mais esperado de sempre da música portuguesa. Agendado para 2020, só agora se efetiva. Com um total de seis meses de ensaios na Incrível Almadense, o espetáculo dos grandes rap-rockers nacionais tem tudo para ser um carrossel histórico, que ondula entre os meados dos anos 90 e a produção igualmente alta na primeira década deste século. Ver novamente Carlão ladeado por Virgul vai ser uma sensação forte para os muitos milhares de fãs que os anseiam. Atuaram no palco principal da edição de estreia do Alive em 2007, no dia em que se encontraram com os seus ídolos Beastie Boys. Há, portanto, um simbolismo especial que liga o festival ao regresso dos Da Weasel. 

 

Phoebe Bridgers - Palco Heineken, dia 9 (21h50)
Eis outra das grandes estreias ao vivo em Portugal que esta edição do Alive promove. Na matéria, a cantora norte-americana é um rocker; na alma, é uma artista folk. Quem ganha com esta dislexia é evidentemente a música, que vive e se move destes desencontros da lógica. Empurrada pelo seu enorme álbum "Punisher", que vai ocupando quase por completo os alinhamentos dos seus concertos, Phoebe Bridges é hoje uma estrela indie. Vai ter não só um quinteto a apoiá-la, como um público que se prevê predisposto a cantar grande parte das suas canções debaixo daquele hangar.