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Roger Waters acusa Bolsonaro de fascista

Hashtag #elenao dirigido ao político brasileiro mereceu vaias do público em São Paulo.

Roger Waters acusa Bolsonaro de fascista

Roger Waters dividiu os 45 mil espetadores do seu concerto em São Paulo, no Allianz Park, quando evocou o candidato presidencial da extrema-direita Jair Bolsonaro com a hashtag #elenao na interpretação do tema 'Mother' [a partir do 1:42 no vídeo em baixo]. Houve aplausos mas as vaias fizeram sentir-se mais e persistiram durante vários minutos, impedindo Roger Waters de discursar. Nem os elogios aos públicos sul-americanos acalmaram a animosidade de parte da assistência.

 

 

Antes, quando o ecrã enuncia os vários políticos neofascistas de hoje, aparece o nome de Bolsonaro.

 

A divisão de reações que se sentiu durante o concerto em São Paulo também marcou as redes sociais, como nos comentários na página de Facebook de Roger Waters. Escreve-se coisas em inglês como "desculpa Roger, mas quando fores a um outro país não fales sobre política, não sabes nada do Brasil ou sobre o que se passa no país"; "achas que sabes mais que 46% do Brasil"; "as pessoas pagam para ouvir a tua música, não para saber a tua opinião política". Até mesmo a página de fãs Roger Water Brasil se referiu ao seu ídolo nestes termos: "Sr. Comunista Roger Waters, não te perdoo, o Brasil sofre de corrupção há 20 anos. Fui para ver Us + Them, não uma tomada de posição partidária. Tinha bilhete para a segunda noite em São Paulo, desisti! Perdeste muitos fãs na noite de dia 9".

Outros fãs contrapõem, também em inglês, com a faceta política de Roger Waters que existe desde o álbum dos Pink Floyd de 1979, "The Wall": "Que contradição tão grande, fascistas mas fãs de um dos defensosres de direitos humanos, o grande Roger Waters"; "as minhas desculpas aos ignorantes que estiveram no teu último concerto. Nem sequer conseguem perceber as mensagens das tuas letras".

 

A digressão internacional de Roger Waters vai continuar a correr o Brasil ao longo de todo o mês de outubro e vai coincidir com a campanha da segunda volta das presidenciais brasileiras que se disputa entre Jair Bolsonaro e o candidato do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad. A votação para as presidenciais ocorre no dia 28. É de prever que a polémica à volta da atitude de intervenção antifascista de Roger Waters nos seus concertos aumente de escala.

Tem havido alguns comentários políticos consternados com a ação política de Roger Waters na televisão. Deixamos aqui um exemplo: "estamos numa eleição presidencial e chega aqui um cidadão que não conhece o Brasil e vem apontar em quem deve ser votado. É um verdadeiro absurdo".

 

O espetáculo Us + Them tem uma forte carga política, tal como foi demonstrado no duplo concerto em maio na Altice Arena, com críticas severas a figuras como Mark Zuckerberg (líder do Facebook) ou Gina Haspel da CIA, a simulação do teatro de guerra no Médio Oriente e a exibição de frases mais hostis como o "Trump é um Porco" - podem ler aqui a nossa reportagem do primeiro de dois espetáculos em Lisboa.