Era o que Faltava
Temporada 3
Marcos Caruso e Eliane Giardini
"Nós não somos mais urgentes para os nossos filhos"
Marcos Caruso e Eliane Giardini estão a percorrer Portugal com a peça “Intimidade Indecente”, uma comédia-trágica sobre encontros e desencontros - mas, acima de tudo, sobre amor. Vieram ao Era o Que Faltava conversar com o João Paulo Sousa e a Ana Delgado Martins.
“Intimidade Indecente” é sobre um casal que se separa e que, ao fim de 50 anos, questiona: "E se tivéssemos continuado juntos?”. Nesta peça em especial, Marcos e Eliane sentem que “temos esta responsabilidade de fazer com que todos se emocionem porque tem onde cada um se emocionar em algum momento”. A peça tem uma frase que agarrou Caruso de imediato, “que ele diz quando já está mais velho: ‘nós não somos mais urgentes para os nossos filhos’. Isto é uma frase que me toca muito e é o que me faz subir ao palco”, confessa Marcus.
Nesta conversa, a dupla explicou ainda como a separação pode ser um ato de amor: “No meu caso (Marcos), nós chegámos a essa conclusão: é por amor ao outro e por amor a si mesmo”. Isto sim é “atravessar bem”: “Eu me separei aos 42, temos ainda uma vida pela frente… E nos amamos. Só não partilhamos a mesma cama e o mesmo quotidiano porque tem coisas que se tornaram incompatíveis.” Quanto à passagem do tempo, “É mais complicado, à medida que você envelhece, viver grandes historinhas de amor”, confessa Eliane. “Na juventude, a líbido parece que é extremamente sexual. Quando você vai ficando mais velho, ela se espalha pelo corpo inteiro.” Marcos também se revê nestas palavras: “Quando eu era jovem, eu via pessoas mais velhas falarem assim e eu pensava: “ah claro, deixou de sentir tesão por alguém, então agora esta inventando que está sentido tesão em viajar. Não, não é isso não. É real. É muito real”.
Fizeram rir, pensar e arrepiar. Segundo Eliane, “a arte tem essa função: tanto a literatura, como o cinema, como o teatro - é o comportamento humano ali”. A atriz falou, ainda, de uma situação em que teve um enorme retorno do público. “Me lembro quando fazia a novela América, que meu filho era gay e a minha personagem não aceitava, até que passa a aceitar com o tempo.” Muitas mães partilharam com a atriz que a novela ajudou na vida real: “você não sabe quantas vezes eu tentei dizer isso para o meu marido e ele nunca parou para ouvir, mas aí, vendo uma cena da novela, aquilo se impõe”.