Era o que Faltava
Temporada 3
Mário Lúcio (com Exclusivo Online)
“Aprendemos a fazer do quase nada, o quase tudo, todos os dias”
É músico e compositor, escritor, já foi deputado e ministro da cultura em Cabo Verde. Chama ao Tarrafal de casa, mas não pelas razões que possa estar a pensar! Mário Lúcio esteve no Era o Que Faltava para uma conversa com João Paulo Sousa e Ana Martins
O escritor caboverdiano explicou que, na zona onde cresceu, toda a gente “pertence à comunidade. Portanto, uma mãe que tem 3, 4, 8 ou 12, como teve a minha mãe, vai trabalhar e deixa a criança na rua porque há sempre uma mãe que cuida de todas as crianças: dá um banho, veste-as e dormem onde calhar. Os velhos também pertencem à comunidade, ficam na rua e os adolescentes vão sentar-se com os velhos”. Ao elaborar mais o tema do povo cabo-verdiano, Mário Lúcio conta que “por ser um país pobre, onde a dificuldade está sempre a favor, aprendemos a fazer do quase nada, o quase tudo, todos os dias. Há um termo em crioulo chamado “Djunta Mon”, juntar as mãos, então a gente faz djunta mon para ajudar a semear, djunta mon para ajudar a colher, djunta mon para construir uma casa de um vizinho, não tinha cobranças, era djunta mon”.
O tema da música não deixou de ser mencionado neste episódio do Era o Que Faltava. O cantor diz: “eu não componho nem escrevo, eu faço um download cósmico. Eu fico recetivo às ondas que passam por mim”. Sobre as suas filosofias de vida, Mário Lúcio afirma: “Eu não tenho ciúmes, eu não sei o que é sentir ciúmes, e querem que eu sinta, mas eu não sei sentir ciúmes! Eu não tenho apego e à medida que nós vamos crescendo, aumentam as angústias, aumentam as posses, as possessões, acumulamos coisas e isso é uma fabricação da mente porque nascemos com a mente bem livre”.