Casal Mistério

“Esta é uma brincadeira que nos sai cara”

Ele e Ela. Mais do que pronomes, neste caso, é a forma como se identificam os criadores de um dos blogues mais famosos de Portugal. Ele cozinha, Ela viaja e juntos partilham com quem os segue receitas, hotéis e roteiros. Quase ninguém sabe quem eles são porque a sua missão é secreta. Ele e Ela são as mentes e as vozes por detrás de um projeto de crítica independente e de livros que deixam água na boca! O Casal Mistério esteve no Era O Que Faltava para uma conversa muito animada com João Paulo Sousa e Ana Martins.

Têm um blogue e influenciam, de certa forma, quem os segue, mas ao contrário da maioria das pessoas que está nas plataformas digitais, não querem ser famosos. Fazem crítica gastronómica e hoteleira desde 2013, após uma ida a um centro comercial lisboeta onde puderam desfrutar de salmão seco. Desde logo, perceberam que queriam que a sua postura fosse isenta e independente e, até hoje, não aceitam qualquer tipo de patrocínio: “para mim (Ele), críticas onde as pessoas são convidadas, são uma espécie de publicidade” porque “o que está por detrás do convite é ter uma coisa agradável e não desagradável, portanto o que se espera é ter uma boa crítica do convidado”. Assim sendo, a vontade de “antifama” paga-se, literalmente: “esta é uma brincadeira que nos sai cara” porque “nós pagamos tudo, queremos ser tratados como clientes normais”.

Chegados a qualquer local, a sua reserva é feita no nome de outras pessoas. A marcação tanto pode ser feita com nomes de personalidades portuguesas como de pessoas anónimas que o casal conhece (o que já ia dando para o torto): “uma vez uma pessoa que nós conhecemos tinha marcado restaurante, nós marcamos uma mesa (no mesmo restaurante) com o nome dele e quando ele apareceu no restaurante a empregada ficou a olhar para os dois e a dizer – nós tínhamos duas mesas com o mesmo nome?”.

O Casal Mistério, apesar de fazer críticas, por vezes, menos boas, garante que “nós não temos gosto nenhum em falar mal, pelo contrário”. Porém, Ela revela que os artigos onde a crítica é mais severa e negativa são os que têm maior audiência.