Era o que Faltava
Temporada 3
Sérgio Graciano
"Eu acho que os realizadores - essencialmente portugueses - têm medo de atores"
“Eu esqueço-me de tudo na minha vida, mas não me esqueço dos projetos que fiz. Lembro-me de cenas de todos”. Sérgio Graciano é realizador e vai estrear Salgueiro Maia - O Implicado a 14 de Abril, nos cinemas. O que é que o faz desistir de um filme enquanto espectador? “O guião é o primeiro, mas se os atores estiverem mal, não consigo. O filme pode estar lindo, mas deixo de acreditar naquilo que se diz”.
Sérgio Graciano tem uma longa carreira no cinema português. Dos projetos tira coisas boas e más, aprendendo aquilo que quer e não quer fazer: “Por isso é que eu vejo as minhas coisas exaustivamente, coisas que já passaram e que começo a ver para perceber o que é que eu posso melhorar. Gosto muito de pensar que consigo fazer melhor no próximo projeto”.
Para o convidado, é muito importante trabalhar com os atores. “Acho que os atores gostam de trabalhar comigo porque eu estou sempre disponível para ouvir. Também tenho as minhas opiniões e, às vezes, é difícil demovê-las, mas eu oiço-os sempre. É sempre um processo de descoberta tão giro, trabalhamos esse lado das cenas e da narrativa com os atores. Eu não me vejo a fazer um filme ou série sem esse trabalho”.
“Eu acho que os realizadores - essencialmente portugueses - têm medo de atores”, afirma o realizador sobre a temática. “Como o cinema português não é propriamente narrativo, escudam-se exatamente nisso. E contra mim falo! Não é um cinema virado para grandes histórias, é uma coisa sempre mais estética do que narrativa. Tem história e seguimos, mas não é a grande base do filme português. Isto não tem nada de mal! Eu acho que há uma identidade portuguesa e é porreiro que isso não se perca. O cinema português é o cinema português. Mas também tem de haver este lado narrativo”...