Quando fui preso no Quirguistão

Depois de aterrarmos de madrugada em Bishkek, decidimos conhecer os recantos da capital do Quirguistão. Os monumentos, os mercados de rua, os grandes bazares da Rota da Seda. Nessa mesma noite, iríamos apanhar um autocarro que nos levaria a Karakol, pequena aldeia montanhosa capital da província de Issyk-Kul?.

Quando chegámos à estação de autocarros já era de noite e estávamos cansados. Esperávamos o transporte e fomos abordados pela polícia que nos pediu todos os documentos sobre a nossa viagem. Depois de lhes darmos os nossos vistos e passaportes, levaram-nos para a esquadra mais próxima e colocaram-nos numas celas separados. Fomos interrogados um a um sobre o que estaríamos a fazer naquele país, qual o propósito da viagem, para ver se as histórias batiam certo.

Foram horas de isolamento que nos pareceram meses. O frio das celas, o silêncio de todo aquele espaço, a dificuldade na língua. Horas mais tarde, abriram-nos as portas e deixaram-nos sair. No processo de interrogatório, as nossas malas ficavam nas celas e apercebemo-nos que nos tinham tirado dinheiro.

Calados e ainda a tremer, comprámos outro bilhete de autocarro para seguir caminho. O coração estava a voltar ao seu ritmo normal. A camioneta arrancou e o susto ficou para trás.