Morreu o mestre Manuel Cargaleiro, figura maior da arte em Portugal. Tinha 97 anos.
Nascido a 16 de março de 1927, Manuel Cargaleiro iniciou estudos em 1946, na Faculdade Ciências da Universidade de Lisboa, mas abandonou aquela área para se dedicar às artes plásticas, iniciando-se como ceramista na Fábrica de Sant'Anna, em Lisboa.
Em 1952 fez a primeira exposição individual, na Sala de Exposições do Secretariado Nacional da Informação Cultura Popular e Turismo (SNI).
Na década de 1950, foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura, em Itália, onde estudou cerâmica, e da Fundação Calouste Gulbenkien, em Paris, onde passou a residir desde 1958.
Parte da sua obra encontra-se em exposição permanente no Museu Cargaleiro, onde se concentra a coleção da Fundação Manuel Cargaleiro, criada em 1990 para gerir, exibir e divulgar o seu património.
A mais recente obra de Cargaleiro foi criada em parceria com o artista Alexandre Farto (Vhils), que será posta "brevemente" em exposição no Museu Cargaleiro, em Castelo Branco.
Tendo vivido em Paris desde 1957, Manuel Cargaleiro nunca deixou que o cosmopolitismo significasse desenraizamento. Prova disso é a memória das imagens e das cores da Beira Baixa na sua obra, nomeadamente a lembrança das mantas de retalhos; prova disso igualmente a empenhada presença do artista na região onde nasceu, através da Fundação e do Museu Cargaleiro.
Na despedida, Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota divulgada pela Presidência da República, lembra o último encontro com o artista, há semanas em Lisboa, destacando o ceramista e pintor, “mas também desenhador, gravador e escultor” que deixa “a sua assinatura em igrejas, jardins ou estações de metro, e em inúmeras peças”.
