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Sérgio Godinho recorda Fausto: "sempre perseguiu a perfeição"

Em declarações ontem à nossa rádio, lenda viva recorda o seu companheiro de vida.

Sérgio Godinho recorda Fausto: "sempre perseguiu a perfeição"
Joana Linda

Em declarações à nossa rádio, no dia em que Fausto faleceu, ontem, um dos seus grandes companheiros de vida, Sérgio Godinho, recorda o seu velho amigo como “um criador inspirado, um criador que sempre perseguiu uma espécie de perfeição, sem deixar que o talento e a criatividade interferissem com isso. Eu acho que era uma personalidade única e muito forte”.

Sérgio Godinho

Foi durante a nova fase política de Portugal, na sequência da Revolução dos Cravos, que os destinos de Sérgio Godinho e de Fausto Bordalo Dias se cruzaram. ”Eu conheci-o logo a seguir ao 25 de Abril, nos primeiros discos que ele fez, o Pró Que Der e Vier e por aí fora, e senti logo que estava ali alguém diferente, com uma maneira de tocar a guitarra acústica muito sabedora, também ela perfecionista”.

Sérgio Godinho

Sérgio Godinho foi também buscar às suas memórias a gravação que fez de uma composição de Fausto. “Quando ele me cantou, e ainda não tinha gravado, O Namoro, com música dele e poema do Viriato da Cruz, que era um poeta angolano, um disse-lhe um dia: ‘eu quero cantar isso’. Ele ficou muito contente e surpreso. Eu gravei [O Namoro] no meu quarto disco, ‘De Pequenino Se Torce O Destino’ [de 1976]. A partir daí, fomos sempre tendo contacto, às vezes muito intermitente – mas isso acontece com as amizades”. 

Sérgio Godinho

A colaboração musical seria reavivada no projeto Três Cantos, que juntou os três maiores cantautores da linha de descendência de José Afonso: José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto. José Mário Branco tinha sido o grande impulsionador deste super-trio. “Foi de facto um encontro único, esse dos Três Cantos, que foi limitado no tempo. Houve dois espetáculos em Lisboa, no Campo Pequeno, e dois espetáculos no Coliseu do Porto. Foram ensaios muito aturados, um trabalho muito burilado. Tínhamos uma banda com 16 músicos, ou 18. É uma coisa muito consistente. E foi um trabalho que, como é evidente, cimentou a nossa amizade e interação musical”.

Sérgio Godinho

Sérgio Godinho contextualiza o impacto de Fausto na música portuguesa e dá um exemplo: "os Trovante quando começaram, inspiraram-se nele, e muitas outras bandas. Mas aquilo que ele fazia era um bocado intransmissível". 

Sérgio Godinho