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Filipe Homem Fonseca

Era o que Faltava

Temporada 3

30 março, 2022

Filipe Homem Fonseca

"A questão do pensamento positivo é muito porreiro quando não anula o pensamento crítico"

“Nós temos esta lógica ocidental de ver o futuro como sendo uma coisa que está à frente e o passado como sendo uma coisa que está atrás, mas não, é ao contrário”. Filipe Homem Fonseca é o convidado de hoje do Era o Que Faltava e explica: “Nós, à medida que nos vamos afastando do que já passou, continuamos a ver… Agora, o que está para o futuro é que a gente não vê, está nas costas”.   

É dramaturgo, escritor, humorista, músico e realizador e desde cedo que tem gosto pela palavra: “Quando entrei para a primeira classe, já conseguia ler um pouco. Tinha aquela sede de perceber o que ali se estava a passar. Com 6 ou 7 anos, já andava a fazer umas bandas desenhadas e a escrever histórias, muito toscas, mas já tentava emular aquilo que lia”. À pergunta “quando é que te aperecebeste?”, responde: “Eu não me apercebi porque é, de facto, indissociável do que eu sou”.

Segundo o convidado, “a realidade é apenas um suporte para nós criarmos histórias. A questão dos noticiários e a maneira como a informação é manipulada, as redes sociais, como existem várias “verdades”... A realidade é um palco para as ficções”.

Nesta hora de conversa com Ana Delgado Martins e João Paulo Sousa, o escritor de comédia - que também escreve romances - falou do “poder de resistência que a comédia e o humor têm”, mas também da importância do pensamento crítico: “Há muitas certezas em questões onde não encontro base para que haja certezas e, ironicamente, muitas dúvidas em questões em que, de facto, existem certezas. Essa dúvida também é saudável, base de diálogo onde ele tem de haver. A questão do pensamento positivo é muito porreiro quando não abafa ou anula o pensamento crítico. O ‘acredita e consegues’... Se eu acreditar que salto de um terceiro andar e que vou voar, ‘tá quieto não é”?