Era o que Faltava
Temporada 3
Jimmy P
"Todo o processo que antecede a agressão é um processo de violência emocional extrema"
“Acho que todos nós temos uma série de ideias pré concebidas sobre determinados assuntos”. Hoje, João Paulo Sousa e Ana Delgado Martins conversam com Jimmy P. Acabou de lançar um novo single, Nortada, e o livro “O Digital é Real”, sobre violência no namoro: “O que eu aprendi sobre a violência nas relações é transversal a toda a gente. Não escolhe classe social, não escolhe raça, sexo. Pode acontecer a qualquer um de nós”.
Já foi Supremo G e só rappava em francês. O seu último EP, Heartbreak, mostra uma faceta diferente: “As pessoas ouvem Jimmy e sabem que é uma boa vibe, revigorante, colorido. Há um bocado aquela coisa de masculinidade tóxica, tu tens sempre que mostrar que és forte, que não tens fraquezas…É importante tu abraçares essa vulnerabilidade e sensibilidade porque ela faz parte de ti. As pessoas devem conhecer esse meu lado”.
Este albúm foi criado durante a quarentena, numa fase em que o músico começou a fazer terapia. Jimmy afirma: “Eu continuo a fazer terapia e, no entanto, estou numa fase melhor da minha vida. É uma necessidade tu cuidares de ti. É uma oportunidade que tens de te conheceres melhor e no fundo, reagires. Muitas vezes, tu não controlas as circunstâncias que te levam para esses sítios, mas o teu poder está na forma como tu reages. E isso está tudo na nossa cabeça. Foi o que eu aprendi”.
O livro “O Digital é Real” acabou de sair e vem na sequência do primeiro, “Amar-te e Respeitar-te”. Este processo foi de aprendizagem para o convidado: “Nós tendemos sempre a reduzir este comportamento a uma agressão… Todo o processo que antecede essa agressão é um processo de violência emocional extrema. E não é uma coisa imediata, é gradual… Há um estudo que diz que, normalmente, as pessoas só denunciam à nona ou décima agressão”. É, por isso, tão importante o papel de quem está à volta: “Para tu empoderares a vítima, tens de estar ao lado e denunciar porque muitas vezes elas são coagidas ou sentem-se inibidas a partilhar”.